30.6.09

972

não quero viver sempre
quero viver quando quiser
quantas vezes já não quis não viver para depois voltar à vida com gosto
mas isto aqui é prisão meu chapa
prisão castigo dor
vida só se vive em uma prestação
o mundo não é
não é mesmo
nem um pouco divertido
vive-se sabe deus por quê
vive-se a troco de uma morte besta
como toda morte
uma morte com quase nenhuma chance de ser indolor
tantas vezes precedida de um demorado processo de decrepitude
sempre devemos lutar pela vida
mesmo quando a vida não nos traga felicidade
porque isto não nos foi dado
nos foi emprestado
bem mesquinho
todo dia fugir
todo dia fugir

29.6.09

971

males que para bem
e bens que para mal
nada nunca é uma coisa só
tudo tende a um equilíbrio
que não faz com que eu me sinta seguro
sou só mais um contrapeso
sabe deus até quando
não há crescimento que nos torne maiores que o abismo infindo
corremos atrás da própria cauda
o equilíbrio da loucura
este vaso vazio

28.6.09

970

hoje é um daqueles dias
canicular e sem vento
que nos fazem sentir soterrados
como se o mais delicioso conforto do mundo fosse um desconforto pequeno
e a dor de cabeça fosse um estado de bem-estar
este é um daqueles dias
em que sou esmagado pelo rolo compressor das fraquezas
em que esqueço até de como realizar o ato da fala
o acaso é funesto
na imensa maioria das vezes
porque este é um mundo de poucas escolhas
se alguém se deixa arrastar ao sabor do destino
o destino praticamente sempre é ingrato
então não sou exceção
mas regra
é que tudo ou quase tudo me dá uma preguiça
e quando não é preguiça
é medo
ou vice-versa
se morrer for como nascer e viver
então não sei para onde fugir

27.6.09

969

o talento humano para perturbar a paz alheia é sem fim
como temos a necessidade de sempre ou periodicamente estorvar o próximo e o distante
parece que na vida tudo deve suceder de modo a causar um prejuízo a alguém
ou vários
nada pode ser feito em paz
nada pode ser feito só para si
até quando dormimos incomodamos
até quando nada fazemos
há os que mesmo após a morte prosseguem em sua odisséia de perturbar
tudo deve ser confuso trabalhoso
todo caminho deve ser tortuoso
tudo deve enfeixar em si o poder de causar tensão tristeza e confusão
não há saída
bem vindo à prisão
bem vindo ao mundo
quem aqui se enredou assim permanecerá
quem aqui não se enredou aqui não está
tão simples
a regra da vida é essa
lambuze-se

26.6.09

968

como eu gostaria de criar um mundo
e criar a vida nele
enchê-lo de paisagens e de elementos químicos
e fazer as coisas se desenvolverem e crescerem
para depois murcharem e desaparecerem
e em meio a tudo isso sentirem e se buscarem mutuamente para depois se repelirem e se abandonarem
como eu gostaria de ser capaz de do nada criar tudo
e depois deixar o tudo voltar a ser nada
com toda dor que isso implica
enquanto eu
criador
fora de tudo e com poder de morte sobre tudo
apenas observaria
divertindo-me ou entediando-me
como eu gostaria de criar um mundo
e de ser dono desse mundo
e de ver os seres desse mundo sofrendo e humildemente súplices buscando-me
por simples pusilanimidade
ai como eu gostaria de ser deus
de tudo fazer e nada sofrer

25.6.09

967

vida proletária
não vem ao caso quanto de gravata terno e suspensório
sou só um proletário bem vestido
membro de uma categoria sem prestígio
ganho um salário
trabalho porque tenho medo
sei que nunca vou sair de mim
sei que sempre serei assim
ando obsedado com minha falta de brilho
mas sou assim
até chamo atenção
pois sou grande
mas minha personalidade destrói qualquer esperança
nunca serei mais que isto
apenas visto
nunca ouvido
e quando o envelhecimento se acentuar
serei menos
tão menos
não entendo por que este amor pela vida
não vou viver para saber o que é viver
a vida é assim
nunca vou me ver fora de mim
nunca sairei daqui
embrulhado neste invólucro
nunca verei nada além da imensa pequenez
cada vez menor

24.6.09

966

gostaria muito de reduzir esta opacidade
meu deus do céu
diga se no mundo
existe alguém
mais opaco do que eu
sempre viverei subalterno
cheio de fumos de poder
se da crença se faz a realidade
sou fruto da descrença
esta falta de dinheiro
esta anedonia galopante
este sadismo
como eu me divertiria vendo alguém se lascar como eu
diante da infinita parede branca que parte de um infinito chão branco e chega a um infinito teto branco
sem som sem cheiro sem temperatura sem textura sem sabor
quase sempre sem sofrimento
praticamente nunca com prazer
nada se move
nem vivo nem morto
aguardando a morte

23.6.09

965

acreditamos que algo se possa salvar conosco por perto
acreditamos que façamos bem a alguém
pois como crer além do âmbito filosófico-punheteiro que somos intrinsecamente maus
e que sempre seremos assim
colocamo-nos no topo
assim deus quer
se o mundo vai abaixo
ora o mundo é menos que nós
quanta bundice
mas enfim
ninguém destrói como nós
o que vale não é o mérito
mas o medo
que se pode inspirar
sob uma camada fininha de verniz
da mais polida civilidade
tudo vem com o poder
tudo que o poder não destrua só pode ser desfrutado com poder
mundinho
tudo é tão triste
desprezível
especialmente eu
que me sentei aqui e me pus a reclamar
mundinho
vidinha

22.6.09

964

no dia em que deus morreu
o que tinha de puxa-saco no velório
todos querendo saber quem seria o sucessor
o diabo assumiu provisoriamente
mas como ele era a cara do finado
muito se cogitou que ele se tornasse sucessor em caráter definitivo
o que nem seria tão surpreendente assim
não mais do que atribuir a deus tudo que vemos
e afinal de contas
como já dizia o extinto
que porra de diferença existe entre céu e inferno
tudo não passa de estratégia de mercado
um é mais frio
outro mais quente
um mais azulzinho
outro mais vermelhinho
mas no fim das contas ambos são cheios de gente que não presta
e administrados por gente que não presta
cada um tortura a seu modo
ambos causam dor
o diabo é mais sincero

21.6.09

963

não vejo o tempo
não vejo algo passar
o tempo não parou
só minha mente
que vive aos pulos
parada por quanto lhe for permitido
parada enquanto puder
durante vinte anos tive um ano
durante outros vinte vinte
agora tenho quarenta
há pouco descobri ter quarenta
e já vivo o medo
de quando eu me descubra com sessenta
sem saber se flutuo
ou se afundo
precisando confiar na palavra alheia
de que hoje é outro dia
de que há passado e futuro
não apenas este esmagador presente
esquecer é viver
recordar é viver em dobro
e metade da vida já é mais que bastante
mais do que mereço
mais do que quero

20.6.09

962

tudo passa tão lento
embora passe
nossos sentidos até se entorpecem
afinal o mundo parece parado
de um hora para outra
este permanente torpor revela um constante movimento
em geral passando por cima de nós
a vida é um rolo compressor
vamos ficando velhos
as doenças começam a sobressair
passamos a viver em função delas
tudo é possível
menos a tranqüilidade
para ser franco não espero ser feliz
até porque feliz nunca se é
feliz no máximo se está
o mesmo se diga da tristeza
embora ela seja mais freqüente que a felicidade
na verdade na maioria do tempo se está coisa nenhuma
se está apático
sentido-se uma aflição por nada estar
felicidade e tristeza são episódios agudos

19.6.09

961

o mundo das dualidades sempre está a ensinar-nos lições
o mundo é assim
prepotente e chato
tudo neste lugar tem cara de lavagem cerebral
e quando somos jovens sempre vem um pronto a convencer-nos do valor da vida
algo tão óbvio
que entretanto sempre necessita de demonstração
acho que nunca saberei se tenho medo de morrer ou desejo de viver
não sou dono do caminho
nem me movo
sou movido
triste figura
perco-me em meus medos
em minhas certezas e em minhas dúvidas
que calor faz neste lugar
eu daria tudo para não me sentir assim
mas não conheço saída de mim
eu gostaria apenas de descansar um pouco
de ir e voltar no tempo e no espaço
de não ser tão prisioneiro

18.6.09

960

um dia
vivo sempre dizendo
na fé de que a simples passagem do tempo
um dia
quem sabe um dia
quem sabe se simplesmente porque o tempo
porque sempre
é de se supor que ele sempre passará
ninguém nunca o viu parado
ou andando para trás
tudo sempre num mesmo sentido
e então a velha esperança
quem sabe se simplesmente por ficar aqui
algo
antes da morte
parece que a vida não começou
e já termina
tudo passando
eu igualmente
crente de que permaneço parado
até que a porta se feche
até que tudo se encontre
e surja a palavra fim
e desapareça
algo
que para sempre

17.6.09

959

eu gostaria de já estar morto quando chegasse a hora da minha morte
isso porque já até me vejo
dando vexame
caso minha morte seja dessas que se anunciam
sempre digo querer uma morte súbita
e assim quero para ver
se ao menos nessa hora
consigo me comportar com alguma dignidade
mas o melhor de tudo mesmo seria
uma vida e uma morte sem dor
viver sem sentir o que sinto agora
saber que há liberdade
ao menos de sentir
porque no mais sou escravo
isso já sei
tal como todos
não sei se isso tem importância
sei que é assim
e que nem todos morrem disso
deus está
deus não está
é assim que ele opera
os alvos devem permanecer em seus lugares

16.6.09

958

acho que somos telepatas do avesso
lemos o contrário do pensamento alheio
e pensamos que nada lemos
e dizemos que procuramos fazer o bem ao próximo
e quantas vezes não fazemos justo o que o próximo não queria
tantas vezes temos o conhecimento errado
eis uma forma terrível de ser ignorante
ser cheio de equívocos
cheio de falso saber
tão humano isso
basta que o outro seja um pouco mais ignorante
ou um pouco mais humilde
ou só um pouco mais calado
sempre aparece um achando que ali há uma oportunidade de desfilar sua ilustração
ai meu saco
quantas vezes já não fiz isso
e o fato de reconhecer o que fiz nada significa
além de que reconheço o que fiz
posso até dizer agora que não gosto do que fiz
mas sei que o farei novamente

15.6.09

957

por tudo que sei
morrerei na ignorância
mas eu nada sei
e no entanto encho-me de vozes
que nunca sei de onde vêm
ou o que querem dizer
sinto-me vazio
mesmo cheio
sinto-me esgotado
mesmo pleno
é dormir numa noite de insônia
a boca abrindo e fechando
a garganta seca
a voz que não se produz
vozes em profusão
rostos
dormir num desmaio
dormir para esquecer
tudo é busca de esquecimento
de perdão
como se perdão fizesse esquecer
e apagasse o terror

14.6.09

956

não tenho muita certeza sobre a parte agradável da vida
ela existe
de modo quase vestigial
de modo a ser sentido na estrita medida do necessário para que não se queira irrevogavelmente morrer
para que não se queira sem possibilidade de retorno matar deus
para que não surja um desejo irretratável de se livrar de tudo isso porque esta vida esta escravidão da razão
isto é um tremendo dum saco
uma coisa indescritível
que talvez tenha fim
mas que na memória é para sempre
que coisa enfadonha
quando não horrenda
quando não completamente esmagadora
mundo merda

13.6.09

955

tudo conversa velha
foda-se
negócio seguinte
tô mais que cansado de aprender
mais que de saco cheio de tropeçar
o tédio só é quebrado pela dor
e da dor vai-se a mais dor
ou volta-se ao tédio
e deus deus deus
sempre deus
que saco
coisa mais sem graça

12.6.09

954

mais um dia na cela
sinto em mim o peso da tranca
aqui parece que além de residente
também sou paredes teto chão grades e porta
coisa idiota
mais um imbecil num mundo de imbecis

11.6.09

953

tudo é medo nesta vida
e também náusea
e mutilação
e doenças que causam mau cheiro
e todos choram choram choram muito
que tristeza
e depois todos se amam
e olham o mundo e dizem
que linda a natureza
e toca a cagar menino
a espécie deve se perpetuar
ainda que seja uma espécie de merda
mas vejam como eles ficam felizes em grupo
como se identificam fazem alianças se comprometem
e depois se esquecem uns dos outros traem-se matam-se odeiam-se
e em meio a tudo isso enchem o planeta de merda
fazem tudo e todos sofrer
mas deus nos pertence

10.6.09

952

deus me livre dos domingos e dos dias de trabalho
que tudo em minha vida seja somente sábados
que eu seja dono de mim
que eu não ame nem odeie merda nenhuma
que nada me ame nem me odeie
não quero me relacionar com nada
arranje-me um buraco no oco do universo
cujo nome seja
completo esquecimento
longe deste completo inferno
cheio de completas dores
nada dói mais que ser escravo de deus
o proprietário mais impiedoso mais sádico mais sem amor mais hipócrita
como estou cheio deste inferno
como estou cheio deste beco sem saída chamado vida
maldita
maldita prisão
maldito deus
maldito eu
maldito mundo
sem compaixão

9.6.09

951

um dia o criador acocorou-se
enfiou o dedo no cu
tirou um toco de merda
e sacudiu-o sobre este planeta
fez-se a família
parece que ele disse em latim
algo do tipo
ecce familia
sei lá porra
não sei latim
nem sei se o imbecil o sabia mesmo
dizem que sim
todos só dizem besteira
como seja
família eu sei o que é
é aquilo que já falei
uma merda
há quem goste
embora eu seja uma merda
fruto da merda
não acho merda tão bom assim
tolero-me
por covardia
por idiotice
porque sou merda
não sei se posso esperar
que um dia isto tudo acabe
deus criou o inferno
deus criou o inferno
e não sei se um dia ficarei livre disto
desta escravidão
de ser eu

8.6.09

950

viver neste eterno ignorar
só sabendo que em algum momento triunfará algum modo de me fazer deixar de ser
algum momento
quem sabe até sem dor
simplesmente sendo
tudo na vida funciona assim
dedicar uma obediência cega à força que vai nos destruir
simplesmente porque ela não nos destruiu hoje
simplesmente porque ela permite que vivamos até amanhã
na incerteza de sempre
sempre com a dúvida menos que razoável
não sei se apenas esqueci
não sei se este esquecimento se fez apenas de memórias perdidas
ou se também de lembranças inúteis

7.6.09

949

como é triste e tedioso e sem sabor nascer para a sombra e viver lutando para brilhar
trabalho trabalho trabalho
infindavelmente trabalho
saco
será que não existe uma vida sem luta
uma vida de eterno ócio e prazer
na qual nada se perca
uma vida sem medo e sem ambição
sem transpirações
e medo e tédio e ânsia e cansaço
é interminável é eterno é invencível
sem nenhum fascínio
vidinha fuleira
esta pena seca
sem lágrima
sem muito nem pouco
viver imerso no comum
absolutamente corriqueiro e sem remédio
sem o que perder porque nada se ganhou
sem o que levar porque nada se trouxe
sem vida e sem morte
porque isto é só isto
e só

6.6.09

948

talvez a vida se constitua de pequenos gestos
talvez sejam minúsculas ações que a façam prosseguir
dentro de mim não cabe nem mesmo eu
e preciso engolir o mundo
diminuir-me
pelo amor de deus
sem saber se há liberdade
que a única liberdade perfeita é a inexistência
é não amar nem odiar
não ter visão nem cegueira
não viver entre possível e impossível
os dois lados da balança não pesam igual
a dor dói muito mais que o prazer praz
a morte é muito mais inesquecível que a vida
deus e diabo
vocês dois são um saco
vocês podem ser poderosos imensos e capazes de me fulminar sem nem se mover
mas tudo que quero
é nunca ser como nenhum de vocês

5.6.09

947

ou se dorme ou se desperta
pobre de quem pensa assim
parece nem perceber quanto de tempo passa
atoleimado
nem lá nem cá
singelamente num torpor aliando
o que de mau na vigília
ao que de mau no sono
assim vivendo sem descanso e sem inteligência
de que outro modo poderia um imbecil existir
senão a perder-se em si mesmo
senão morrendo em luta contra algo muito menor e muito mais fraco que si próprio
ironiazinhas
como se a vida tivesse graça ou valesse uma risada
não sei se vou viver
não sei se quero morrer
gostaria que o mundo parasse
e assim permanecesse
até que eu me decidisse
mas a vida não é assim

4.6.09

946

não ser o mais inteligente
nem o mais burro
nem o mais alto
nem o mais feio
em tudo na vida estar
somente um pouquinho acima ou abaixo da média
eis a receita para o anonimato
para ser assim
adicione a generosa dose de desânimo advinda da consciência de que sou assim
pronto
chega-se a mim
este monte de coisas que ninguém quer ser
misturado com muita pretensão
superficial
é tão fácil depois da primeira vez
pra falar a verdade
é a única coisa que sei fazer
e já nem sei se a faço por sabê-la
na verdade faço-a
muitas vezes até contra minha vontade
basta estar vivo
e supostamente consciente

3.6.09

945

o ser humano só a cara do ser humano
se o ser humano nada fosse além de uma cara
se o ser humano não falasse não fizesse expressões não visse não ouvisse
se tudo que ele fosse fosse apenas e tão-somente uma cara sem mais nada
sem corpo sem vida sem opinião sem poder de ação algum
pois bem
só essa cara do ser humano já seria desagradável pra caralho
e acresce que à cara se alia muito mais
corpo idéias ações
eis o desastre completo
o alvar a intitular-se genial
o destruidor universal
cuja primeira coisa destruída foi o próprio senso
se fizéssemos de propósito tudo que fazemos sem querer
talvez nada saísse tão bem feito
este talento é do sangue
este poder de fabricar desgraça
nada nem ninguém é igual a nós

2.6.09

944

o ser humano é chato
aonde quer que o ser humano chegue
a primeira coisa que acaba é o prazer
tudo adquire objetivos
tudo adquire fins
tudo deixa de simplesmente existir para ter uma função transcendente num plano mais elevado
afinal de contas
o animal racional tá na área
haja saco
agora estabeleceu-se um ideal de perfeição
agora as buscas precisam ter um significado maior
e quem não comunga com nossas altas metas
melhor que morra
como é chato ser humano
este império da razão
nada se estende a mim
nem me estendo a nada
minha grande transcendência é a posse
ou me falta o elo com a vida de verdade
ou então se isto é a vida de verdade
não me admira que tenham inventado o suicídio

1.6.09

943

a busca da salvação
a crença no amor
troço besta
o sacrossanto exercício da luminosa razão interferindo na formação do universo
que saco essa conversa de inteligência
são os inteligentes mesmo que tão fudendo com tudo aqui
a lógica e a sensatez
o menor dos males
porra caralho eu quero é o maior dos bens
e não quero mais este mundo bunda dos erros irreparáveis
das dores intermináveis
dos becos sem saída e sem entrada
basta de paliativos
basta dessa história de consolar-me
se sou parte da imaginação de algum idiota por favor suprima-me
se não posso ser deus então não quero ser nenhuma outra merda
eu não gosto disto aqui
a brincadeira é muito pesada
por favor deixem-me sair