15.6.09

957

por tudo que sei
morrerei na ignorância
mas eu nada sei
e no entanto encho-me de vozes
que nunca sei de onde vêm
ou o que querem dizer
sinto-me vazio
mesmo cheio
sinto-me esgotado
mesmo pleno
é dormir numa noite de insônia
a boca abrindo e fechando
a garganta seca
a voz que não se produz
vozes em profusão
rostos
dormir num desmaio
dormir para esquecer
tudo é busca de esquecimento
de perdão
como se perdão fizesse esquecer
e apagasse o terror