25.6.09

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vida proletária
não vem ao caso quanto de gravata terno e suspensório
sou só um proletário bem vestido
membro de uma categoria sem prestígio
ganho um salário
trabalho porque tenho medo
sei que nunca vou sair de mim
sei que sempre serei assim
ando obsedado com minha falta de brilho
mas sou assim
até chamo atenção
pois sou grande
mas minha personalidade destrói qualquer esperança
nunca serei mais que isto
apenas visto
nunca ouvido
e quando o envelhecimento se acentuar
serei menos
tão menos
não entendo por que este amor pela vida
não vou viver para saber o que é viver
a vida é assim
nunca vou me ver fora de mim
nunca sairei daqui
embrulhado neste invólucro
nunca verei nada além da imensa pequenez
cada vez menor