24.6.09

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gostaria muito de reduzir esta opacidade
meu deus do céu
diga se no mundo
existe alguém
mais opaco do que eu
sempre viverei subalterno
cheio de fumos de poder
se da crença se faz a realidade
sou fruto da descrença
esta falta de dinheiro
esta anedonia galopante
este sadismo
como eu me divertiria vendo alguém se lascar como eu
diante da infinita parede branca que parte de um infinito chão branco e chega a um infinito teto branco
sem som sem cheiro sem temperatura sem textura sem sabor
quase sempre sem sofrimento
praticamente nunca com prazer
nada se move
nem vivo nem morto
aguardando a morte