21.6.09

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não vejo o tempo
não vejo algo passar
o tempo não parou
só minha mente
que vive aos pulos
parada por quanto lhe for permitido
parada enquanto puder
durante vinte anos tive um ano
durante outros vinte vinte
agora tenho quarenta
há pouco descobri ter quarenta
e já vivo o medo
de quando eu me descubra com sessenta
sem saber se flutuo
ou se afundo
precisando confiar na palavra alheia
de que hoje é outro dia
de que há passado e futuro
não apenas este esmagador presente
esquecer é viver
recordar é viver em dobro
e metade da vida já é mais que bastante
mais do que mereço
mais do que quero