30.4.09

911

imaginação sem palavra
como sou sem graça
todo dia encher uma folha de papel
em que parece estar escrito
vezes sem fim
como sou sem graça
viver buscando ampliar o espaço de meu estômago
como sou sem graça
ainda que me enchessem de néon e me ligassem a uma corrente elétrica
eu continuaria sem graça
e de extremo mau gosto
nasci para ser assim
pequeno
venho de uma linhagem assim
aos corrompidos pareço muito puro
e aos puros
muito corrompido
ninguém me ama
ninguém me odeia
ninguém me rejeita nem me aceita
não sou feio nem bonito
sou sem graça

29.4.09

910

ficar aqui
depois da morte
esperando a morte
quem sabe
outra prisão
esperando a vida
experimentando ser vivo e existente
este como que emparedamento
crer que não me fodo mais porque um deus me ama
e não ver saída
ser número
acreditar acreditar acreditar
e nada
absolutamente nada mesmo
a eternidade é tempo nenhum
um segundo dura milênios
tudo por ser e por nunca
promessas
o mundo é um saco
um saco assustador
mas um tremendo dum saco imenso
um saco cheio de ameaças
dor irremediável
devemos usar o senso crítico
que porra de mundo chato
que prisão sem fim
deus que vá tomar

28.4.09

909

quero me esquecer das pessoas
ter cada vez menos delas
preocupar-me com coisas
cuidar de coisas
zelar pelo bem-estar das coisas
chega do maldito vai-vem das relações humanas
ferir e ser ferido
sentimentos
só quero distância
não quero mais amar nem odiar
não quero mais querer ter
quero cortar todos os laços
esquecer e ser esquecido
sendo como sou não parece difícil
mais difícil é aceitar o esquecimento alheio
mas como quero esquecer todos
cuidar das coisas
das poucas ou muitas coisas que dão valor a minha vida
as coisas morrem sem fazer cena
as coisas têm dignidade
o ser humano só tem esta cara de imbecil prepotente

27.4.09

908

melhor eu me habituar
afinal já acontece há quase cinqüenta anos
talvez do momento em que eu a aceite
a coisa acabe
o fato é que não sei mais o que fazer
nunca soube
nem ao menos tentei
sentei aqui
de olhar atarantado
não sei se vendo
algo vejo
não sei se igual ao que os outros vêem
aliás parece que cada um neste mundo vê uma coisa totalmente distinta da dos demais
como seja o que vi prostrou-me
talvez por perplexidade
talvez por decepção
lugarzinho idiota
não quero tomar parte da grande obra
do animal imbecil
fiquei parado aqui
os outros foram passando
alguns morreram
outros também pararam
por motivos vários
por alguma espécie de conveniência política
porque deus morreu e esqueceu de deitar
ou porque ele vive
e não nos deixa morrer

26.4.09

907

quão fácil perder
qualquer coisa idéia ou lugar
simples fácil rápido
só não se perdem fácil as pegajosas malignidades
cuja perda na verdade é um ganho
dores privações chagas mágoas
quem não sente que ganhou ao perder coisas assim
mas esses tesouros fazem questão de permanecer grudados em nós
é mais que fácil ser triste
basta ser
ao menos no meu caso não preciso fazer força alguma
tenho tristeza até para dar
desejo de sumir do mundo
e de mim
de nada ser além de uma superfície limpa lisa sem cor nem sabor
nada digno de menção ou de olhar
sem vida
sem volume nem peso
ser mais que um silêncio
mais silencioso ainda
ser nada
nada mesmo
nem ser

25.4.09

906

agora essa moda de deus contra diabo
um mal mau contra um bem bom
nada mais é relativo
o que acontece só acontece por causa da tal da luta
nossa
e parece não haver meio termo
mesmo que pouco muito pouco
mesmo que em nada me interesse essa disputinha
mesmo que nessa luta idiota eu só torça para que todos morram e desapareçam porque acho-os uns chatos sem tamanho
mortíferos assustadores poderosíssimos
e chatos
chatos a não mais poder
e fazem com que tudo esteja ou do lado de um ou do lado de outro
não há como se apartar
sempre se está no meio do fogo cruzado
sempre nos pegam
este mundo é muito mais chato do que parece

24.4.09

905

abra uma caixa
uma caixa qualquer
de ferramenta de pandora de som
você não sabe o que vai sair dela
mas sabe o que não vai sair
até as surpresas só são surpreendentes num minúsculo segmento da realidade
sabe-se não haver possibilidade de um jumento cometer um seqüestro
sabe-se impossível um ser humano ser bom
impossível surpresa que mude o mundo
depois da noite vem o dia e depois do dia vem a noite
pouco prazer
muita dor
as possibilidades são nenhuma
as impossibilidades são todas
vou morrer
vou ficar velho
vou ser um ponto na linha do tempo
nunca tendo sido nem fera nem bela
nunca tendo visto senão nuncas e nãos
em vida não encontrei o que buscar
a vida acaba aos trinta
se é que começa

23.4.09

904

futebol
o mundo tinha que gostar tanto dessa bosta
o que bem retrata esta sociedade de primatas
a vida é uma só
o que não implica seja boa
mas a bendita da ignorância
e a consciência da ignorância
principalmente esta droga de consciência
saber que há futuro

22.4.09

903

mais um dia para viver
já que não se pode morrer hoje e viver amanhã
caralho então que se carpe a porra do diem
a obrigação de viver
cumpro-a aos trancos
se há tanto viver como prazer saiu de moda
aliás uma coisa nada tem a ver com a outra
muitos já o disseram
autoridades renomadas
bem conhecedoras das entranhas humanas
aliás a bem dizer
somos todos umas antas
só vivemos para o imediato
não enxergamos um dedo além
e cremos que quem enxerga perde um tempo precioso
salvo se estiver ganhando dinheiro com isso
então tudo é permitido
até estimulado
como se tornar um sábio
só porque se tem pecúnia
de repente brotam-nos virtudes até das orelhas

21.4.09

902

às vezes
sentir
que algo
por dentro
está
em processo
de ruptura
sem retorno
questão de tempo
como tudo
na vida
sem valor e tão
valioso
como se pode amar algo assim
tão trêmulo e ofegante

20.4.09

901

bandidinho que lê dante
presidente analfabeto
como seres ambos valem tanto quanto eu
algo em torno de um balde de bosta não muito cheio
o que os distingue de mim
e da grande massa de zé mané que chafurda por aí
é o poder destrutivo
ambos sabem ser convincentes
mais por fatores extrínsecos que intrínsecos
eles podem acabar com muita coisa
saber amor generosidade carinho fidelidade
tudo isso é perfumaria
tudo se obtém
desde que se tenha poder destrutivo

19.4.09

900

novo dia velhas alegrias
coisas que já nem parecem ter acontecido comigo
mas eis o dia
e eu
que fazer com isso
alguém me diga por favor
o negócio é que todos parecem tão idiotas quanto eu
da mesma forma andam por aí fazendo a única coisa que sabem
aquela cara de quem sabe o que faz
eis o segredo da vida
esmerar-se em se esconder
e bater cabeça com elegância
uma camada de idiotice para ocultar outra camada de idiotice
e assim sucessivamente
até que todos se esqueçam
da idiotice primeira
que justamente por termos esquecido
pusemos em seu lugar
para efeitos didáticos
aquela história do idiota primeiro
que cagou o mundo em seis dias
e no sétimo repoltreou-se em sua imundície

18.4.09

899

olho para as coisas
e penso em que mal há em amá-las
coisas são tão melhores que seres
antes de tudo porque sabem se manter impassíveis
e também porque não se arrogam atributos que não têm
coisas nos servem na medida do que têm para nos dar
só isso
na medida de nossos cuidados elas nos servem por mais ou por menos tempo
e basta
as coisas fazem ou nos permitem fazer
só são barulhentas se queremos que sejam
no mais elas ficam em seu canto
sem dor nem prazer
pensando bem sem nem viver
que importa
elas são minhas queridas coisas sem vida
como esta caneta
depois que se conhece um ser humano vivo
a morte adquire um valor inestimável
e a falta de vida assume contornos quase paradisíacos

17.4.09

898

gastar tempo
se nada mais tenho para fazer
viver nesta casa de loucos
tem louco solto louco preso louco rico louco pobre louco honesto louco ladrão
tudo que é louco
dá medo dormir
pois há louco assassino pronto para pegar louco desprevenido
se ao menos não tivéssemos que despertar
se ao menos não houvesse uma consciência e a idéia imbecil da finalidade de existir
o saber
a noção de mim
é como se minha consciência
a bendita consciência
fosse uma masmorra
e nada nem ninguém nada nem ninguém nada nem ninguém
viverei o resto da vida em mim
dentro de mim emparedado em mim amarrado a mim
noite adentro
dia após dia
vivendo vivendo vivendo vivendo
bosta de alma imortal

16.4.09

897

viver é uma estupidez
ao menos para alguém como eu
que considera a vida um castigo
ficar aqui
nesta sala de espera
com a televisão ligada
passando aquele programa de baixa qualidade
no único canal
enquanto na rua mágoas são distribuídas fartamente
e nada me faz crente
nem mais nem menos
pois decerto sou sem crença
o que não é cem por cento correto
pois ao menos creio que as crenças não valem a pena
e vivo a tropeçar nelas
um dia ainda dirão que morri por causa disso
todos morrem por uma causa
crendo ou não crendo

15.4.09

896

sentimento de estima
eis a fonte da infelicidade humana
maior que o prazer de ser estimado
muito maior
é a dor de não ser querido
e deveras
não há muito que se estimar
a maioria
a quase totalidade das pessoas
é absolutamente desprezível
desimportante mesmo
a busca do sentido da vida resume-se ao desejo de viver cercado de coisas fáceis de esquecer
lembranças corroem-me
os dias deviam ser todos iguais
assim bastaria lembrar de um
e ter pouco que amar na vida
assim ter-se-ia pouco que sofrer
que tudo que vem vai
é só uma questão de tempo
o mal sempre triunfa

14.4.09

895

mais um dia na bola fedorenta
sem muita novidade
sentar e aguardar
aguardar
aguardar
uma hora há de vir
sei lá o quê
e depois
quando esse algo se for
caso esse algo não seja a morte
novamente sentar e aguardar
arranjam-se passatempos procria-se cuida-se das funções do corpo
fazem-se trabalhos sem sabor sem cor sem amor nem odor
viveremos na multidão de solitários
almoçaremos sós numa mesa isolada
beberemos do cálice que é nosso e não tem a nossa cara
dormiremos e acordaremos como se não tivéssemos dormido
ouviremos e provavelmente digamos
deus existe deus existe
bela bosta

13.4.09

894

que coisa este mundo
quando tudo vai mal
muitos ficam mal
quando tudo vai bem
ainda haverá muito mal
menos que quando tudo vai mal
mas ainda haverá mais gente mal que bem
donde se conclui que não deve ser muito apropriado dizer em momento algum que o mundo vai bem
apenas mal ou menos mal
isto aqui
o mundo humano
é uma selva de conflitos
um oceano de mágoas
um lugar muito chato de viver
um tédio sem fim
e quão fácil se vai do tédio ao ódio
tudo questão de se querer matar
o ódio subsiste só
o amor precisa de companhia
e quem está afundado em tédio
sabe como é inseguro contar com o amor próprio ou do próximo para viver
melhor odiar
o mal sempre é mais interessante que o bem

12.4.09

893

o trânsito da cidade é como uma revoada de imensos insetos não alados
lançados ao ar por força de nossa estupidez
e retornando aleatoriamente ao chão graças à gravidade
o mundo não é tão interessante assim
nem minha imaginação
tudo parece burocrático e sem movimento
basta eu estar lá
ou aquilo estar em minha mente
mataram alguém
dito assim parece algo forte
mas o fato na vida real é mais como um mero apagar de luz
há um tiro um impacto um mero interromper
nada correspondente ao tamanho do acontecido no sentimento de quem ligava para o falecido
o mundo é assim
vez por outra um vulcão explode
mas quase sempre a lava escorre tão calma

11.4.09

892

saio de casa
parece que as coisas na rua não observam uma adequada proporção entre seus tamanhos
tudo em lugares insólitos
assim adquirindo um ar meio sem graça
pois há uma normalidade
só que uma normalidade incomum
se bem que se a coisa é normal
e a mim me parece incomum
então o anormal da história devo ser eu
foda-se
não sou brilhante
quanta tolice
nunca nem ameacei parecer brilhante
minha morte já foi escrita
e será encenada com perfeição
mesmo eu não conhecendo o roteiro
até lá ficarei aqui
farei algemas
me cortarei
esquecerei e serei esquecido
odiarei
eventualmente amarei
já que parece inevitável

10.4.09

891

viver assim
meu corpo
minha clausura
não importa a que eu me prenda
antes me atarei a mim
a certeza que todo dia desperta comigo
a afirmação recorrente
esta sensação pegajosa
aqui estou a falar novamente daquilo
disto
aqui
quando durmo ao menos parece que esqueço do peso
parece que esqueço
a coisa não me esquece
a coisa que me domina e que de todo canto me espreita
a coisa que talvez seja eu
e eu talvez seja o verdadeiro intruso
como um despossuído cuja única posse é esta maldita existência
da qual ele feliz abriria mão
soubesse como
mas não
a lavagem cerebral
aquilo que chamam de criação
encheu-o de medos de deuses e de mitos

9.4.09

890

quantas vezes palavras não são frouxas não são fracas inteiramente sem expressão
quantas vezes tudo que teria valor seria um gesto
um gesto seria o retrato fiel da situação
palavras não falam como ação nua e crua
quando se sabe que se foi esquecido
da forma mais perfeita possível
e não se pode acusar ninguém de negligência
exceto nós mesmos
de que vale falar
então um gesto
não é necessário nada largo ou musculoso
um ligeiro movimento de olhos talvez mais que baste
talvez mais que diga
porém de que vale
deus ou inexiste ou não tem relevância ou é uma besta ferrada
que me perdoem as sofridas e trabalhadoras bestas
o que tenho a dizer é o mesmo de sempre
que estamos aqui sós
que por mais que façamos o mundo sofrer
não mudaremos essa verdade

8.4.09

889

o mundo é tão sem expressão
tudo que nele há
o que vejo nas coisas sou eu
um momento feliz vivido sob uma árvore
um prato de boa comida comido em boa companhia
as coisas nada me dizem
eu que me digo coisas por meio delas
não sou capaz de falar diretamente comigo
aliás agradeço cada átimo que posso viver a me ignorar
quanto menos eu souber de mim e dos outros melhor
por que não morro e me deixo em paz de uma vez
não houve felicidade em minha vida que fosse profunda e duradoura como algumas de minhas tristezas ou como estes infinitos momentos de inércia e apatia
se a vida é curta
a falta de sabor predominante
alternada com esporádicos amargores
tornam-na longa
e sem alegria

7.4.09

888

parece que dormir todos dormem
parece que todos se recolhem a alguma hora do dia e silenciam
imóveis
não sei se para todos dormir é bom como é para mim
se para eles como para mim acordar é descobrir de novo que o pesadelo é real
que no sono não vem pesadelo que apavore tanto
de um modo geral dormimos
necessidade prazer que seja
dormir tem o valor de um esquecimento
ainda para os que dormem com dor com tristeza com fome com solidão
não sei quanto se gasta no mundo com remédio para dormir
é um dinheirão
o sono é mais importante que a vigília
veja os que não dormem
se o mundo acabasse em sono
creio seja pedir muito
mas que inveja
sem maiores transtornos deitar aos poucos amolecer mergulhar na profunda coisa tão boa e depois
a carcaça dura e fria
não seria mais eu

6.4.09

887

não poder se mover
nem ficar parado
de qualquer modo
incorrer em erro
e cair na vala
tornar-se objeto da força absoluta
sem escusa nem conversa
o fato não se dá por amor nem por ódio
acontece
não há culpa nem mérito
as coisas simplesmente são simples
e só nos deixam de ser aceitáveis
quando entendemos que vêm em nosso detrimento

5.4.09

886

se é que estou indo
não faço idéia de para onde
se é que estou desperto
se é que não perco tempo
se é que algo se passa
não sei o que tenho em mãos
não gosto não sei de quê
de algo que presumo ser isto
desejando um sono interminável
a vida em sociedade é uma bosta
a vida é uma bosta
sinto-me ilha mas sou uma gota neste oceano
tento me esconder do fato de que nunca alcançarei a paz
ainda acredito no prazer
e vou me enchendo de desculpas
fingindo esquecer a verdade que grita diante de mim
porque também se dela me lembro
não sei de que me vale
dormir é meu único prazer
o único mal do sono é não ser eterno

4.4.09

885

viver vivendo
cair caindo
amar amando
reflexões sobre a vida e seus fatos
não conduzem a fatos novos
viver é andar em círculos
ou num labirinto cuja saída é a entrada
depois que nasci não aconteceu mais nada

3.4.09

884

parece que a vida foi feita para sempre nos sentirmos aquém
para ela sempre escorrer-nos por entre os dedos
sentindo sempre que o tempo foi perdido
enlouquecido em busca de motivos para justificar esta crença angustiosa de que mereço um pouco mais
e quando digo mais um pouco quero dizer muito mais infinitamente mais
porém a crença de que devo parecer humilde quando imploro
essas artes da mendicância
na vida tudo vem mesquinho
inteligência paz amor riqueza
só a falta é abundante
o mal tem sabor desagradável
o bem não tem sabor
assim é fácil escolher
ainda que a escolha nos faça podres
os castigos são fartos
diante deles apodrecer é nada
não gosto de ninguém
não o bastante para gostar do ser humano

2.4.09

883

sempre em busca de esperança
sempre querendo ter vontade de viver
que a vida não faz a menor questão de nós
para ela somos mobília
a entulhar a casa
a vida vive cheia de nós
tantas vítimas de um dom
afogando-se no prazer
é dever dos vivos permanecer vivos
que à vida é indiferente se vivemos ou não se queremos ou não
o que não falta é vivente
como é impossível viver feliz
simplesmente
viva
se assim lhe praz
que à vida tanto faz
além dela e da morte
nada há
é joguinho de comadre
um oligopólio sem saída
quem não está morto
está vivo

1.4.09

882

quantas valas já não se abriram
e valas permaneceram
valas ainda não
talvez me aguardando
não digo que elas sempre me assustam
ou me causam repulsa
mas são valas caralho
quem gosta de valas
mas há a tal da história
os fatos da vida e a vida dos fatos
as valas são fatos
obrigatórios
como quer que as encaremos
dizem que o mais bonito é conduzir-se sereno
cada vez mais penso mais que o mais bonito seria não viver
até hoje não encontrei desafio que valesse sua superação
superar quando superei se é que superei significou apenas seguir nesta vida
muito pouco
muito pouco mesmo
querer ser feliz nunca me fez feliz
não querer ser feliz também não
sinto-me emparedado num atoleiro
morto
se ao menos me concedessem morrer morte menos complicada