10.4.09

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viver assim
meu corpo
minha clausura
não importa a que eu me prenda
antes me atarei a mim
a certeza que todo dia desperta comigo
a afirmação recorrente
esta sensação pegajosa
aqui estou a falar novamente daquilo
disto
aqui
quando durmo ao menos parece que esqueço do peso
parece que esqueço
a coisa não me esquece
a coisa que me domina e que de todo canto me espreita
a coisa que talvez seja eu
e eu talvez seja o verdadeiro intruso
como um despossuído cuja única posse é esta maldita existência
da qual ele feliz abriria mão
soubesse como
mas não
a lavagem cerebral
aquilo que chamam de criação
encheu-o de medos de deuses e de mitos