24.1.07

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o tempo não passa e não pára

paralisia através das eras

uma tênue incerteza desesperada sobre o sentido em que se movem as coisas

este corpo como quase todos os corpos

cumpre um complicado e irrelevante itinerário entre a maternidade e o cemitério

corpos há que tão logo saem da mãe são despachados para comer grama pela raiz no revertere ad locum tuum

são os que vão direto ao ponto sem rodeios

chegam olham e concluem

a gente vem pra esta porcaria só pra morrer mesmo

então pra que enrolar

vamos logo ao que interessa

pimba

sorte deles

que não perdem tempo pensando sobre o que vão fazer

que é assim que nos tornamos dependentes disto tudo

sob o pretexto da busca vamos atrás do esquecimento e damos voltas e mais voltas até descobrir que não nos esqueceram