15.1.07

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eta mundinho besta

monte de gente à toa

não aceitamos a brincadeira toda

e tampouco queremos largar o brinquedo

por que tem que ser assim

a voz roufenha sempre ali sinistra em regozijo repetindo repetindo repetindo

um dia vai acabar

um dia vai acabar

e eu não terei vivido mais que uma vida

não terei sido mais do que eu

porra sacanagem

por que tanta imaginação e tão pouca realização

isso não está certo

e além de tudo já estou morrendo

e quando morrer de vez tanta coisa vai ficar aqui

deixando de ser eu

juntar os trapos de um morto

dar-lhes nova vida

porque morto cheira a armário

na melhor das hipóteses

morto não tem importância

ainda mais um morto assim como eu

que nunca foi muito vivo

minha nossa dêem-me um unzinho só subterfúgio

para eu voltar à eterna embromação