16.1.07

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sempre o tempo

sempre o tempo

querendo me atropelar

um dia ele vai conseguir

enquanto isso não acontece sigo correndo em vão

vencendo a disputa que estou fadado a perder

ele prevalecerá

sempre presente

contado e odiado

o que não o comove nem um pouco

ele não é ninguém

nem nada

só a evolução de um contínuo até prova em contrário sem começo nem fim

senta e chora zé mané

o tempo não desfila na avenida

mas dita quanto vai durar o desfile

e quando virá o fim

mais certo que o começo

lá vai o tempo

eterno devir

a inconcretude do agora