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não sei por que permaneço
nem por que me retiro
é esta coisa em mim
incognoscível
obedeço a ordens que nem percebo se me são dadas
só por medo da mão terrível
que pode estar em qualquer lugar
a onipresença da dúvida faz-me civilizado
faz-me crer na descrença
pois senão a mão imensa
cumprimento meu vizinho
beijo a mão do senhor magistrado
beijo a mão do santo padre e saio logo de perto para que sua santidade não me confunda com um de seus efebos
porque um dia o juízo vem
e espero estar pronto para admitir todas as culpas que queiram
assim ao menos as coisas andarão mais depressa
e no fim das contas tudo se resume a um único fato
devo sofrer por não ser eles
nasci para receber
eles para dar
tudo por direito sobrenatural
como quis a grande mão
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