18.1.07

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dia frio como um cadáver

nada desperta

som só dentro da cabeça

é claro

o dia

de uma claridade moderada cheia de cinza

tudo se movimenta como em um cortejo

cada passo detidamente pensando o seguinte

o fim estava próximo

isso só se pode dizer depois do fim

e os movimentos como os de um cortejo

por enquanto sei apenas que indago

a resposta só poderá vir na forma de fato

que não viverei para contar

os outros apenas dirão antes ele do que eu

não posso condená-los

eu também diria isso

e por mais que eu esperneie

é assim e ponto

cada um num mundo só seu a governar-se em conflito com o mundo todo

bilhões de guerras

pequenas e sórdidas

ainda assim sentirei falta creio

se bem que o outro lugar talvez seja tão melhor ou tão pior que este que nem me deixe espaço para pensar a respeito de mais nada

como aqui sucumbindo entre balas e tumbas e um ser que vive no porão mas esta casa não tem porão então ele vive no sótão a casa também não tem sótão então ele está na sala então ele sou eu caralho