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dia de chuva
que saudade do ócio
de tempos que não vivi
em que me sentia a salvo de toda ameaça
em que eu nem sabia o que era ameaça
em que eu nem sabia ser paz o que eu tinha
em que eu nem sabia possível a perda da paz
saudade de ser o que nunca fui
supremo absoluto
um tirano feliz
um ser ou um não-ser sem necessidade de satisfações
e sem estas filosofices imbecis e vãs
talvez me digam bastar que eu seja eu
isso não se traduz em palavras
não existe um manual de instruções sobre o funcionamento do ser
o mundo gira
fica-se velho
e ou se é ou não se é feliz
ou se cala ou não se cala esta pulsão
a boca voraz
o paladar gasto
e o desejo
incessantemente
se deus queria criar um mundo sem paz
parabéns
se não
então fodeu-se
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