29.9.07

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estamos aqui no labirinto sem saída nem entrada

falando de absolutamente coisa nenhuma

só falando

falando falando falando falando

como se isso fosse importante

como se a eterna cantilena fosse o que mantivesse a terra girando

como se tudo mais que eu visse sentisse ou desejasse nada fosse se não fosse expresso em enfadonhas palavras

ninguém sabe como o verbo nasceu

mas se ele nasceu antes de tudo

só pode ser filho de incubadeira

o ser mais inclassificável do mundo

a completa singularidade

impossível de decifrar

mas nem por isso menos atormentado

nem por isso menos

após o pó assentar

todos verão

impossível ser mais diminuto

tudo perdido para permanecer assim

tudo ao meu redor

sou meu maior tormento

a mais tortuosa e burra via

que tomei pensando em levar vantagem