30.9.07

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não sou um deus

nunca o serei

aqui já se encravou o hábito de ser inferior

já sou assim por hábito

pela repetição constante de atos

pelas constantes admoestações

convenci-me de que não serei nunca um deus

no máximo um barnabé

como agora

como nunca deixarei de ser

sou uma máquina de carimbar

e certificar

um objeto da mobília

que os deuses decidiram onde pôr

os deuses julgam compram mandam vendem legislam

enquanto eu sou um mero homem-carimbo

certifico que meu cérebro está encolhendo

e que isso não fará diferença nenhuma

certifico que perdi a visão

que não vejo utilidade na vida

que vivo ao sabor da corrente

há muito não sei se eu ainda sou eu