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desejos e vícios
começo e fim
esta prisão e suas grades fedidas
esta prisão
este enforcamento mais lento do universo
tudo vai simplesmente me deixando
menos o desejo a ânsia a gana a voragem
tudo simplesmente escapa-me por entre os dedos
e mesmo depois que os dedos já nem podem segurar mais coisa nenhuma
ainda assim o desejo clama absolutamente em fúria dentro do que presumo ser eu
a sede desta sede
de onde tudo parte
abrindo-me vias na carne
vias dolorosas
vias de uma dor concreta e implausível
da qual parece impossível padecer
mas de que padecemos
pela qual somos consumidos sem economia
quando será que será o momento
nunca
eu vou morrer meu deus eu vou morrer
vou encontrar algo depois daqui
ou vou tão-só inexistir
a única paz duradoura
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