24.8.07

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eis uma manhã sem palavras ou melhor

sem idéias que recheiem os recipientes despejados nesta folha

nesta manhã

neste dia

nesta vida

mas é assim

os lados para que as coisas vão

nunca são os esperados

muito menos os inesperados

simplesmente andamos de um jeito

que é a nossa cara

quer se goste quer não

viver é uma escolha estranha

que só não parece mais estranha por haver um monte de doidos que fizeram a mesma escolha que a gente

a cada bilionésimo de milionésimo de segundo deve se buscar um sentido para se atribuir a este raio de vida

e o único sentido que me parece cabível é o prazer

tão raro que quando o tenho temo discuti-lo e assim perdê-lo

de resto o negócio é ficar sentado no meio-fio catando pedrinhas que se desprendem do asfalto

e deixando-as cair da mão

enquanto o sol vai e vem