23.8.07

295

de terror e de ternura se faz a vida

não sei se um dia vou me acostumar a isso

não sei se devo

acordar ora na noite ora no dia sem saber onde

e até perceber se os olhos vêem ou não vêem

trombar de frente com criaturas as mais estranhas

desejar a cada erro nunca ter cometido o erro de existir

e que nem tudo fosse a rotação nauseante deste carrossel desenfreado

se eu gostasse do jogo independentemente de ganhar ou perder vá lá

mas ninguém joga por jogar

ninguém vive por viver

não que saibamos para que estamos aqui

quem sabe para nada

tão-somente vivemos a buscar sentidos

que não nos basta um

sentidos queremos de reserva

que esta vida é uma guerra

pletora de sentidos

a fim de que nunca faltem explicações para este desatino de viver

peça do quebra-cabeça que não encaixar vai para debaixo do tapete

no mais tudo bem