26.2.07

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tudo termina em cansaço

não passa de tentativas

portas encerradas

nem céu nem inferno

um dia qualquer

todos com a raiva de sempre

as ânsias triviais

sinônimos de viver

velhos medrosos sentindo-se jovens drogados por efeito dos remédios que prolongam sua decrepitude

o ser humano venerando o monstro que o espelho lhe mostra

e construindo seu futuro mediante a destruição do presente de todos

dentro dos manicômios também há uma normalidade

na guerra há uma normalidade

a paz pode não passar de um número controlável de conflitos

de uma guerra que não passe de certos limites

que não mate certas pessoas

então há paz

entretanto na dúvida liguemos os alarmes

fechemos as janelas blindadas passemos as trinta e cinco trancas na porta

do resto deus toma conta

e tudo está inquestionavelmente normal

o trabalho a virgindade e a religião são o caminho para a felicidade

siga-o

e me deixe roubar meter e blasfemar à vontade