25.2.07

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principalmente depois que o crescimento biológico acabou

minha vida tem sido um exercício de paciência

involuntário em grande medida

se não em toda ela

sentado aqui ouvindo sempre as mesmas palavras vindo de dentro

o medo deste fio tão frágil

a obscura intimidade

a inexistência de outros mundos

a criação de crenças que correspondem apenas a metade de mim

isso quando muito extensas

a destruição de meus esteios pela outra metade ou por quem seja

pois raro é que eu tenha a sorte de as metades serem apenas duas

e palavras palavras palavras e palavras

repetidas repetidas repetidas repetidas

nunca perdendo o sentido

nunca me dizendo coisa alguma

um exercício involuntário de paciência esta vida

exercício movido talvez pela mal contida covardia

esta brincadeira idiota de camundongo burro em labirinto eletrificado