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não sei por que ser otimista
melhor ver tudo como uma desgraça permanente
já que temos que olhar para tudo como se olha para o paraíso ou para o inferno
para que se deixar envolver num bem-estar que acaba
para que acreditar no bem
estou cansado de quedas
e da dor das quedas
e da solidão que de repente se mostra à minha volta
tudo aquilo não existiu
tudo aquilo não era o céu
tudo aquilo não era nem eu
certamente não sei o que é felicidade
até hoje sempre que me cri feliz procedi com orgulho com desprezo com arrogância
não sei se procedi mal
sei que me dói não ter mais disposição para proceder assim
sou impérvio ao eterno ao transcendente ao que não seja da matéria de que se faz a tristeza que o homem plantou nesta terra
olha aí a bosta do lirismo e ainda dos bem pedantes
fui vendido a mim como autêntico
esta contrafação
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