22.2.07

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sou tão desinteressante tão sem nada para se ver tão sem palavras tão cheio dos ruídos mais constrangedores deste mundo

ser eu é um saco

não observo nada de curioso em mim

as coisas não se revelam para mim

ou porque nada têm a revelar

então o saco é o mundo

ou porque não sou apto a revelações

então o saco sou eu

como seja

que saco

saco sem saída

de que agora falo com certo humor

mas há dias

muitos

em que me sinto no fundo do saco

parece que ele fica mais fundo conforme o tempo passa

e lá no fundo não encontro saída alguma

parece que por onde quer que eu ande

ando dentro de uma tumba

sinto que tudo se encerrou

e coube a mim como a tantos o papel de morto-vivo

e então dói

dói nada sentir

dói sentir que tudo acaba aqui

e que permaneço

representando o desinteresse subsistente