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não escolho quem vai e quem fica
apenas puseram-me esta corda na mão
vez por outra
não sei por quê
puxo-a
e ouço um grito vindo do outro lado da parede
não quero mal a ninguém
nem bem
apenas sinto-me obrigado
imperativos
uma ponta de corda foi deixada pendurada no mundo
decerto para que alguém a puxasse
talvez ao grito se repute um dúbio sinal de vida
afinal quem grita
no mais das vezes
grita porque vive
grita porque a vida não lhe vai muito bem
mas puseram-me aqui
neste cubículo estanque com esta corda
não me deram o mapa da cornucópia nem a caixa de pandora
apenas a bendita corda
e quando a puxo
ouço um sinal de vida
além daqui
uma vida sobre um patíbulo
quem sabe
não restam muitos escrúpulos a um desesperado
e talvez quem não participe da farsa
mas possa ser espectador de todas as suas fases
ria de se acabar desta condição patética
eu riria
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