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já nem sei se gostaria de que alguém me desmentisse
de tanto acreditar nesta dor já me sinto dono dela
já a vejo como obra minha
a criatura que superou o criador
vivo dela e nela talvez esteja minha sensação mais próxima do conforto
meu porto seguro
minha escusa universal
sem ela derivo
ela é daqueles inimigos por quem se cria uma certa estima
sem a dor só há o novo
e o novo deste mundo não costuma ser muito animador
o novo deste mundo costuma ser somente
perdoem a infâmia da rima
uma nova dor
entre duas desgraças insolúveis
melhor nossa conhecida
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