12.1.07

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viver por um fio

viver por um frio

viver por qualquer porra

mas viver

sem mortes completas ou parciais

sem ser assombração

sem conviver com açougueiros

sem farmacinha no lar

viver é cruel

a ignorância essencial dos vivos

ignorância que penso não ignorar

que penso conhecer

seus limites não são cognoscíveis

saber não saber não conduz ao saber

só confirma o que os fatos gritam

nunca estamos certos

flutuamos no mar das probabilidades e nos agarramos a qualquer toro que bóie mais perto

quando vemos agarramos um programa televisivo de domingo à tarde

ficamos mais burros

dormimos mais nocivos