12.12.06

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todos os dias abrir os olhos

não ter mais como dormir

e rogar em vão que o pesadelo em que desperto seja melhor que o pesadelo em que fui dormir

que exista um mundo do espelho

e que lá tudo seja como aqui

só que ao contrário

e fechar os olhos mais uma vez

sacudir a cabeça voltar a desunir as pálpebras

mas não tem jeito

esta realidade é pegajosa

eu ainda sou eu

o mundo ainda

meu sentimento por ele também

permanece nenhum

tal como eu nele

sair da cama e dizer

isto aqui deixou de ter graça há pelo menos meu total de anos de vida menos dois

desde então tudo é quase sempre monótono e nas raríssimas ocasiões em que não é monótono é assustador

mastigar a comida porque como todo animal mastigo

quem sabe o que penso ao abrir os olhos e voltar à vida que tão grato esqueci no sono

não sei como traduzir este nó na garganta

não sei se falar

3 Comments:

Blogger helga31 said...

Simples,Direto,Contundente!
Gostei ! e gostaria de ser assim tão concisa,precisa com os fatos da vida.

Helga

13/12/06 09:29  
Blogger o amanuense said...

Muito obrigado, amiga. Eu gostaria de agir na vida da forma como falo dela, mas o fato de ter-lhe agradado já me deixa muito feliz.

Henrique

13/12/06 14:02  
Anonymous Anônimo said...

Amigos!!!


Helga, fico feliz em te ver aqui no espacinho do Henrique!


Fiquei e estou emocionada com sua presença aqui, amiga!!! Você mais uma vez me surpreendeu... sua inteligência é algo que admiro demais em você, amiga... e também sua sensibilidade. Você pôde captar o estilo muito próprio do Henrique...


Henrique querido, estou com dor de dente... sempre quando chega a hora que eu poderia te ligar eu me sinto tão cansada... mas vai chegar o momento!


Beijos a ambos,



Verinha Rath (por que este dói, meu Deus? E por que o dentista fala pra esperar pifar? Vou usar a pasta anti-dor, espero que funcione...)

13/12/06 19:48  

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