7.12.06

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não sei o que estou esperando

talvez que o céu caia sobre minha cabeça e que isso seja uma bênção

contanto que o céu não seja muito pesado

só o bastante para cair

nada no mundo me faz falta

por isso sinto falta de tudo

não preciso de nada além de tudo

pensar num único sentido tornou-me insensato

é de nascença e vai morrer comigo

comoriência

quando eu morrer o que ficar de mim não será mais eu

os arroubos tolos os sentimentos frouxos

que até eu quero esquecer

as canalhices

até hoje não sei se enxergo

até hoje não sei se penso

acho que vivemos tanto só para aceitarmos pelo cansaço que somos umas bestas

e mesmo quando reconhecemos isso não somos capazes de admitir que nos tratem como a besta que somos

afinal não sabemos se a besta que como besta nos trata é mais ou menos besta que nós

e lá bem dentro reside a insegura convicção de que a besta maior é o outro