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não sei o que estou esperando
talvez que o céu caia sobre minha cabeça e que isso seja uma bênção
contanto que o céu não seja muito pesado
só o bastante para cair
nada no mundo me faz falta
por isso sinto falta de tudo
não preciso de nada além de tudo
pensar num único sentido tornou-me insensato
é de nascença e vai morrer comigo
comoriência
quando eu morrer o que ficar de mim não será mais eu
os arroubos tolos os sentimentos frouxos
que até eu quero esquecer
as canalhices
até hoje não sei se enxergo
até hoje não sei se penso
acho que vivemos tanto só para aceitarmos pelo cansaço que somos umas bestas
e mesmo quando reconhecemos isso não somos capazes de admitir que nos tratem como a besta que somos
afinal não sabemos se a besta que como besta nos trata é mais ou menos besta que nós
e lá bem dentro reside a insegura convicção de que a besta maior é o outro
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