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aqui estou para me repetir mais um pouco
só mais uma folha
só mais um dia
não é muito
para quem não é tão pequeno quanto eu
às vezes é tão difícil gostar da vida
só não é mais difícil que abandoná-la
ainda quando não tenha mais sabor
viver pode ser de uma crueldade absurda
um permanente abandono sem nenhum remorso
de que só não há esquecimento na mente do abandonado
a condição a que chamamos nada
em que só vemos a nós e a nossos medos
e nos sentimos estorvos de nossas próprias vidas
não quero saber por que é assim
quero esquecer
e quem saber dar um beijo numa desconhecida
só pelo risco de ser acusado de tarado
ou de ser acolhido com ardor
mas o mais provável
é que minha sina de abandonado
faça-a olhar-me com espanto medo e compaixão
dando-me as costas e me esquecendo
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