15.5.08

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aqui estou para me repetir mais um pouco

só mais uma folha

só mais um dia

não é muito

para quem não é tão pequeno quanto eu

às vezes é tão difícil gostar da vida

só não é mais difícil que abandoná-la

ainda quando não tenha mais sabor

viver pode ser de uma crueldade absurda

um permanente abandono sem nenhum remorso

de que só não há esquecimento na mente do abandonado

a condição a que chamamos nada

em que só vemos a nós e a nossos medos

e nos sentimos estorvos de nossas próprias vidas

não quero saber por que é assim

quero esquecer

e quem saber dar um beijo numa desconhecida

só pelo risco de ser acusado de tarado

ou de ser acolhido com ardor

mas o mais provável

é que minha sina de abandonado

faça-a olhar-me com espanto medo e compaixão

dando-me as costas e me esquecendo