10.5.08

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quanta coisa a fazer

minha mente não alcança nem metade

na verdade não alcança nada

absolutamente

as coisas vão se fazendo por mim

atravessam-me sem que eu nem delas saiba

sei lá

há vezes em que elas nem são tão más

mas são tão maiores

não sei como não me atropelam

ou se atropelam

como não me matam

tudo culpa do massacre urbano

deste crescimento sem fronteira

desta prepotência da razão

a sufocar-nos por prazer

puro capricho

como este animal cresceu dentro de mim

esqueço e não vejo na memória como esquecer

esqueço do que quero lembrar e lembro do que quero esquecer

e parece que não sou o único ser fútil caprichoso e sádico neste universo

só não tenho poder destrutivo suficiente

para satisfazer meu impulso tão humano