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quanta coisa a fazer
minha mente não alcança nem metade
na verdade não alcança nada
absolutamente
as coisas vão se fazendo por mim
atravessam-me sem que eu nem delas saiba
sei lá
há vezes em que elas nem são tão más
mas são tão maiores
não sei como não me atropelam
ou se atropelam
como não me matam
tudo culpa do massacre urbano
deste crescimento sem fronteira
desta prepotência da razão
a sufocar-nos por prazer
puro capricho
como este animal cresceu dentro de mim
esqueço e não vejo na memória como esquecer
esqueço do que quero lembrar e lembro do que quero esquecer
e parece que não sou o único ser fútil caprichoso e sádico neste universo
só não tenho poder destrutivo suficiente
para satisfazer meu impulso tão humano
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