11.5.08

557

nada como o frio desta manhã

a gente fica olhando o vento

a gente fica exposto ao vento

nem sabe o que vê

já que vento não se vê

que me importa dizer

vejo o vento

o gelo do vento

entrando-me pela carne

como se eu fosse uma pedra

como se parado eu não pensasse em movimento

uma parede ruindo

o mundo caindo

talvez isto seja a tristeza de que tanto falo

para mim sou apenas eu

falando sempre do mesmo jeito da mesma coisa nesta mesma vida

preciso de alguém para odiar

alguém deve ter-me feito isto

alguém não cuidou de mim

por que não imaginei que viver era assim

sou minha prisão

por mais que eu ande

tudo que faço é me encontrar

quanto mais eu me evite

quanto mais tudo me conduza para longe

sou tudo que encontro