14.2.07

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dentre tantas dúvidas

uma certeza

isto não acaba

vivo no inferno da razão

o único

e a razão me odeia mais do que eu a ela

ela é maior do que eu

e ao menos algo ela é

enquanto eu um zé mané um henrique qualquer

quem além de mim sabe meu nome

que nem é exclusivamente meu

nem é preponderantemente meu

exceto em meus sonhos

quando acho que mereço algum consolo por minha insignificância

e me abarroto de ilusões a meu respeito

e vivo por alguns segundos no outro lado da obsessão

se é que tenho idéia do que se passa comigo

se é que isso para que não paro de olhar sou eu

o que apenas mudaria o objeto

não o gesto

embora eu nada veja

sei que não há saída deste cubículo escuro