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como é bonito este cruel sol do cerrado
quão vasto vê-lo nascer e morrer
torturando minhas retinas
que extremo este lugar irreal
esta ilha da fantasia
onde tão fácil se esquece a miséria a um olhar de distância
isto aqui tem um tanto de delírio
não o cerrado
mas nós que erguemos monumentos a memórias inexistentes
nós
para quem sobrevivência e preservação virou sinônimo de perversidade
que só vivemos se matamos
simplesmente porque a vida se encaminhou para isto
e nem este sol nos aplaca
nem a felicidade
pobre felicidade
nem a felicidade suplanta este desejo férvido de matar
o sol se põe no cerrado
nem vejo
hoje como há muito só chove
chove de fazer goteiras no crânio
e desejos cruéis
que nem o maior dos sóis
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