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esperar o que sabemos que chegará já não é muito bom
ainda mais se não sabemos com certeza quando
já a espera do que nem sabemos
eis a vida dos desesperados
é o caminho que dá voltas sobre si próprio e termina num infinito sumidouro
é viver no fim do mundo com o mundo a olhá-lo ora com tristeza ora com desgosto ora com compaixão e quase sempre com completa indiferença
e a dizer-lhe sem porém estender-lhe a mão calma não é o fim do mundo
não de fato não é o fim do mundo
é o fim de mim
ou a falta de começo
o que seja
qual a diferença afinal
se fazemos inesperada a morte tão certa
se ficamos atarantados perguntando para onde vou agora diante da fera em pleno bote
se brincamos de cegueira e depois descobrimos que realmente não podemos ver
a desorientação torna-se o norte da vida
e a sensação de que há algo de errado
mesmo que tudo esteja irremediavelmente certo
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