18.12.06

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o poder é relativo

ser inseto ou inseticida

assim se determina quem senta nas cadeiras

e por mais que se reclame da desigualdade

é da boca para fora

mas repercute

pois provém da maioria que fica fora do banquete

na verdade nunca buscamos igualdade

em todos jaz recôndita a esperança de um dia segurar o cabo do chicote

queremos ser iguais ao mais poderoso de nós

isso enquanto não pudermos superá-lo

e assim muito embora quase todos nunca venhamos a sequer livrar o lombo das ardidas vergastadas

vivemos na esperança de um dia o bom deus conceder-nos a sublime incumbência de aquecer nádegas alheias com banho de chibata

pois para tanto viemos ao mundo

imagem e semelhança de nossa mais elevada criatura

que importa a desgraça de tantos em troca da ventura de poucos

é tudo ou nada mesmo

e que se exploda o mundo

não me chamo raimundo