16.12.06

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que tudo de raro se destrua a fim de raro permanecer

e tudo de comum também se deve dizimar pois o comum existe em abundância e nunca acaba

e entre raro e comum está o homem

transformando o mundo em sucata

mentindo para si mesmo sobre seus desígnios e de tão burro acreditando nas próprias mentiras

não sei por que aceito ser mais um mas sei que sou

e esta consciência só faz tudo pior

quem disse que o conhecimento liberta não conheceu édipo

nem a mim

vivo imerso nesta vida

que indubitavelmente conduz à morte

esse conhecimento esmaece qualquer desejo de vida

até que sentamos parados os olhos sem função a boca cheia de movimentos involuntários

esperando o apagar

esperando que o dia seguinte não venha e as lembranças não voltem