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todo dia é a mesma espera
a vida toda
sem saber o quê
nem como
esperar esperar e supor
qual o aspecto da coisa seu cheiro seu comportamento
como ela chegará
se poderá ser reconhecida
quem sabe o que já não veio
atropelou-me passou com todas as rodas por cima de mim
e eu nem vi o que houve comigo
a calma aqui é quebradiça
como um biscoito velho e seco
como a casca de um ovo de granja
tudo se desmancha em pó e se dispersa no vento
nada permanece
nesta duradoura efemeridade
o esquecimento e a lembrança
sempre duram tão pouco
mas algo foge à corrente e fica
uma suave lentidão
uma demora um pouco imperceptível
até que o tempo se esgota e olhamos o relógio e descobrimos
não vivemos
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