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sinto-me um trapo
menos trapo que ontem
mais que em outros dias
sinto-me comum
opaco
sem valor algum
alguém que já passou
nos corredores no trânsito na sala da casa
sou fácil de esquecer
fácil de não ser visto
como uma árvore
entre um milhão de árvores
pensando que é alguém
tudo que quero é meu sono
no fim do dia
no meio da noite
mergulhar num mundo em que esqueço desta necessidade de ser notado
às vezes acordo com a sensação de que tomei uma surra
podem ser tantas coisas
diabete fígado cansaço de esforço no dia anterior
vá saber
o que vem ao caso é que acordo me sentindo como se tivessem me surrado
quase espero encontrar negros hematomas neste corpo ao olhar-me no espelho
não passo de nada
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