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é bom ter poder
é um modo de esquecer
que nunca se tem poder absoluto
amamos sucedâneos
desde que nos dêem poder sobre o semelhante
o próprio deus que adoramos
concebemo-lo como um troço pra lá de relativo
que segundo nós está aí para colocar-nos acima de tudo que não seja ele próprio
talvez eu viva em fuga
sabe lá como vim parar aqui
tudo que me ofereçam para adiar o inadiável
aceitarei
para esse deus somos camundongos
encurralados
para esse deus
bondade e compaixão são moedas
caríssimas
ele cria a confusão
nós que saiamos dela
e vamos nos abrigar sob esses poderes menores
que tanto nos engrandecem aos olhos dos manés
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