28.12.08

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é bom ter poder

é um modo de esquecer

que nunca se tem poder absoluto

amamos sucedâneos

desde que nos dêem poder sobre o semelhante

o próprio deus que adoramos

concebemo-lo como um troço pra lá de relativo

que segundo nós está aí para colocar-nos acima de tudo que não seja ele próprio

talvez eu viva em fuga

sabe lá como vim parar aqui

tudo que me ofereçam para adiar o inadiável

aceitarei

para esse deus somos camundongos

encurralados

para esse deus

bondade e compaixão são moedas

caríssimas

ele cria a confusão

nós que saiamos dela

e vamos nos abrigar sob esses poderes menores

que tanto nos engrandecem aos olhos dos manés