18.11.08

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a noite não era escura

era noite

mas a escuridão era dentro de mim

e parecia que coisas mantinham-se suspensas no ar

memórias convertidas em fantasmas

o costumeiro pavor

o de sempre

dia sem dia

posso até dizer que não sinto nada

a mesma história

o mesmo de ontem num novo dia

não tivesse eu dormido entre um e outro

diria ser tudo um dia só

não sei se fera nem se manso

nem mesmo sei se é algo

mas adquiriu a força de uma presença

ainda que da presença do nada

ocupa um espaço grande

tão grande que talvez a coisa já seja eu