9.11.08

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tenho sempre esta sensação

este estranho animal que me habita

que não sei se sou eu

mas que para todos efeitos é

algo que se move e que vive independentemente de mim

que me faz fazer o que eu nunca faria

que me induz ao que não desejo

deve ser esquizofrenia

não só vivo em mim

transformei-me num palco

em que se interpretam vários personagens

várias versões de mim

todas estranhas

todas similares pois todas loucas

mas cada uma louca de maneira própria

não sei qual pior nem qual melhor

só sei que cada vez penso ser um determinado

mas não

nada nem ninguém

uma coisa

apenas uma coisa

ora de um jeito ora de outro

segundo o princípio que a governe naquele momento

é o caminho dizem

é o vazio digo

não acredito em nada

nem na descrença