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tenho sempre esta sensação
este estranho animal que me habita
que não sei se sou eu
mas que para todos efeitos é
algo que se move e que vive independentemente de mim
que me faz fazer o que eu nunca faria
que me induz ao que não desejo
deve ser esquizofrenia
não só vivo em mim
transformei-me num palco
em que se interpretam vários personagens
várias versões de mim
todas estranhas
todas similares pois todas loucas
mas cada uma louca de maneira própria
não sei qual pior nem qual melhor
só sei que cada vez penso ser um determinado
mas não
nada nem ninguém
uma coisa
apenas uma coisa
ora de um jeito ora de outro
segundo o princípio que a governe naquele momento
é o caminho dizem
é o vazio digo
não acredito em nada
nem na descrença
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