27.4.08

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a cada segundo no mundo gente nasce e morre

gente fazendo de tudo ou quase tudo

gente demais

por todo lado

quase sempre sem cara

vivendo por obrigação

guardando os mais criminosos desejos

rostos desmanchados

e o mundo empenhado em pisotear-nos

assim como nós

já nem sei bem o que é mau

quando o sei é só depois que o fiz

quando vem

cortante

o arrependimento

a certeza de que nem o maior castigo

nem a maior das compaixões

o que fiz fica marcado em mim até o fim de toda eternidade

até que me arremessem talvez num imenso moedor

em que deus recicle a criação

quando cansa de seus brinquedos