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dias há em que a boca acorda amarga
não de ressaca
mas de simplesmente se estar aqui
e de ter sido aplainado pelo rolo compressor do destino
justo quando se cria não ter nenhum relevo
engano
basta existir para tomar pancada
e o destino tem poderes tão tamanhos
e um espírito tão diminuto
que para ele nenhum gesto é bastante mesquinho
ele é capaz de
sendo dono de todas as fábricas de doces
ainda assim tirar o doce da boca da criança
além de fazer o pirralho vomitar a parte da guloseima que já ingerira
talvez eu esteja cansado de perder
não de apenas desejar
mas de desejar em vão
já ficou mais que demonstrado
não sei distinguir amor autêntico de amor falso
salvo quando vem o abandono
muito tarde para qualquer providência que me poupe da dor
tudo já se demonstrou
sou uma besta atarantada
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