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não sei como nem por que deixei morrer meu interesse pela vida
a bem dizer não sei ao certo se o matei se deixei que o matassem ou se simplesmente deixei-o num canto qualquer por aí
para morrer
passou
é só o que sei
não sei nem quando
houve um dia
um dia em que acordei apático
sentindo tão-só a debilidade do medo
levantei e busquei minha vontade de viver
nada mais havia
encontrei um armário vazio com portas e gavetas escancaradas
e atrás do armário a parede
branca
sólida
concreta
era o único subterfúgio
sumiram meus argumentos
senti como se o mundo se escondesse de mim
cheguei a pensar que fosse a morte
era pior
se era a morte não era uma morte inteira
devia ser uma espécie de inatividade permanente de alguma parte de mim
entrei num coma parcial para sempre
e só não me ponho integralmente na completa morte por pura covardia
o interesse acho que passou todo
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