11.4.08

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não posso contar comigo

isso mesmo

nunca sei quando vou estar para mim

quantas vezes já não entrei em desespero

por não saber nem a custo de reza qual o ser que me habitava

às vezes me odeio por me conhecer tanto

ao menos o bastante para saber que não poderei contar comigo

quando mais precisar estarei ou dormindo ou de cara cheia ou triste demais ou nada mais que perverso

comprazendo-me de meu sofrimento

pisando-me

não sei por que não sou capaz de resistir

talvez porque eu não seja eu

mas sim esta estranha criatura

ou o criador desta virtualidade

que penso ser

ou sou

grande nova

perdi a conta do tempo que já passei aqui

sentando esta mesma cara nesta mesma parede

certo de que ela é o caminho

e de que todo caminho é assim