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vivo com tremendo esforço
toda disposição tem que ser tirada lá do fundo de mim
pesada escoriada ameaçadora
tudo tão lento
este corpo pesa tanto
esta mente
viver é de uma morosidade vertiginosa
é mais ver coisas não acontecerem que acontecerem
e esperar a sensação final da lâmina no pescoço
macio como manteiga
amanhecer com o terror da expectativa
dormir
e ter que pensar no bem-estar
conceber novas formas de tornar o mundo infeliz
às vezes até praticar um homicídio para preservar o equilíbrio das coisas
e dormir e acordar e dormir e acordar e acordar e acordar e acordar
viver desperto sem consciência
sentindo este cansaço sem causa
chorar sem razão
odiar sem razão
amar sem porquê
perdoar a quem nada nos fez
destruir o prazer
com consciência do dever cumprido
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