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ei-lo mais uma vez
o desespero frouxo
o esconder-me atrás de minhas mãos
a formalidade de praxe
para que não digam
vejam ele não se preocupa com nada
e tudo que quero é ter prazer
nunca achei a mínima graça em honestidade decência bondade e trabalho duro
sou como a maioria
tenho as ambições de todos que quase todos recusamos confessar
quero ócio
infinito ócio
e conforto
conforto em demasia
o único próximo com que admito me preocupar é o dinheiro
que tem primado em se manter distante
não penso nem um pouco em olhar para o meu interior
este quarto escuro de que brotam todas as contrariedades
de onde nada há nada vem
e se há algo que a luta me ensinou é que lutar é um saco
é desgastante e infrutífero
e não faz diferença alguma
a vida segue
enfadonha
e só o medo de que a morte seja ainda pior
é que me mantém aqui
resmungando
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