7.3.07

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ei-lo mais uma vez

o desespero frouxo

o esconder-me atrás de minhas mãos

a formalidade de praxe

para que não digam

vejam ele não se preocupa com nada

e tudo que quero é ter prazer

nunca achei a mínima graça em honestidade decência bondade e trabalho duro

sou como a maioria

tenho as ambições de todos que quase todos recusamos confessar

quero ócio

infinito ócio

e conforto

conforto em demasia

o único próximo com que admito me preocupar é o dinheiro

que tem primado em se manter distante

não penso nem um pouco em olhar para o meu interior

este quarto escuro de que brotam todas as contrariedades

de onde nada há nada vem

e se há algo que a luta me ensinou é que lutar é um saco

é desgastante e infrutífero

e não faz diferença alguma

a vida segue

enfadonha

e só o medo de que a morte seja ainda pior

é que me mantém aqui

resmungando