137
como doem os desejos
como cansam as pretensões
como pesa esta individualidade
não sei se existo ou se sou só um espelho
sei que sou mais um dos incontáveis nesta fila infinita
esperando sei lá o quê
esperando que a espera acabe
esperando que o castigo de existir não dure para sempre
e no intermédio buscando felicidades finitas
migalhas que sustentem a ilusão de existir um deus que só jogue a meu favor
e que me afastem desta diminuta busca por qualquer migalha de tempo
no mais a vida é como ser posto diante de uma parede branca
e ter que permanecer parado com os olhos fixos nela
toda vez que se tenta mudar de posição ou olhar para outro lado
leva-se uma sonora chibatada
tem-se um membro mutilado
perde-se algo de que se gosta
ou alguém
tudo deve se resumir à parede branca
à parede branca
à parede branca
à parede branca
e a você
sempre diante dela
sempre diante dela
sempre diante dela
sempre diante dela
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home