16.3.07

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não importa com quem eu durma

sempre acordarei comigo

quem comigo acordar

acordará só

vítima de mim

faço aos outros as maldades que me acho digno de sofrer

das quais me poupo por simples covardia

odeio o mundo sem restrições

quanto a mim porém

odeio-me na medida do possível

me borro de medo da dor

mas a dor alheia não é minha

o mundo não é meu

a vida não é minha

vivo a termo final incerto e inteiramente potestativo

sabe lá até quando posso brincar

na dúvida brinco com mau gosto

procuro doer no próximo e no distante

como a iminência da morte

e o desespero do labirinto