12.2.09

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sinto-me sem fim nem começo nem meio
algo como náusea
pensar que se flutua
e descobrir-se pendurado numa corda
e descobrir que a corda não se prende a nada num extremo
e a seu pescoço no outro
e que há dias você não respira
e olhar para suas mãos e vê-las roxas fundamente marcadas
com marcas de corda
e então juntar uma coisa e outra
e ver que brincamos de estranhos com nós mesmos
até que a brincadeira ficou pesada
e assumiu uma feição séria
e lá dentro criou-se uma disputa ferrenha
e passamos
eu e eu
a me disputar fazendo uso dos recursos que tivéssemos à mão
e então um de nós
não sei se eu ou eu
lançou mão da forca

2 Comments:

Blogger fatimapombophotos said...

Sou sua fã,
por isso venho aqui
lhe visitar, sempre,,,
a proposito, conhece um escrito austriaco chamdo Thomas Bernhard?
ele deve ter sido um dos escritores preferidos do Campos de Carvalho...
acabei de ler Origem,,,,
creio que se oce não leu, ira gostar...

12/2/09 22:35  
Blogger o amanuense said...

conheço não
aliás uma das coisas que comento na carta que lhe mandei 2a-feira é a falta de tempo para ler
ultimamente a vida anda meio muito confusa
nada de grave
nada que não se resolva
apenas uma série de dissaborezinhos
coisa que acontece em qualquer vida
você é minha fã e nunca esquecerei disso

13/2/09 16:08  

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