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vivo há quarenta e seis anos e uns dias
e ainda não sei respirar
sinto-me cada vez mais frágil
cada vez mais sem amparo
nos amplos cômodos desta solidão
nunca falta espaço
não vem ao caso quão grande eu seja
tudo me reduz
a mim
quatro paredes teto piso
não encontrei deus
nem o perdi
todos ignoram meus tormentos
mesmo eu
e não sei por que não durmo
nem por que não desperto
tenho só esta tênue noção de individualidade neste oceano de incerteza
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